
Como é que os novos avanços na síntese de polioxometalatos (POMs) podem ajudar a combater o cancro?
O grupo de investigação de Aureliano Alves, professor de Bioquímica da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade do Algarve e investigador do Centro de Ciências do Mar (CCMAR), em colaboração com o grupo de investigação da professora Annette Rompel, responsável pelo Instituto de Biofísica da Universidade de Viena, analisaram criticamente as propriedades anticancerígenas de todos os polioxometalatos (POMs) conhecidos, com o objetivo de estudar a sua aplicação como agentes no tratamento de vários tipos de cancro.
Após um impacto bastante limitado com POMs puramente inorgânicos em décadas anteriores, novos progressos foram desenvolvidos neste campo nos últimos anos com a síntese de novos POMs.
Mas o que são POMs e para que servem? São aglomerados inorgânicos de vanádio, tungsténio e molibdénio, entre outros, que exibem uma ampla diversidade de estruturas e propriedades que conduzem à sua aplicação em vários campos, como catálise, fotoquímica, ciência dos materiais, cristalização de proteínas e na medicina. Segundo o investigador, “estruturas híbridas de POMs mostraram-se muito eficazes contra uma série de linhas celulares tumorais e a sua atividade anticancerígena superior à de drogas clinicamente aprovadas (como por exemplo a cisplatina)”.
Os autores apresentam uma revisão abrangente e atualizada desta área de pesquisa, abrangendo desde questões da síntese, até aplicações clínicas. Procuraram identificar as caraterísticas estruturais e físico-químicas que processam os POMs bioativos e que são, portanto, responsáveis pelas atividades anticancerígenas, bem como discutir criticamente quais são os alvos biomoleculares e os processos bioquímicos afetados nas células cancerígenas.
Segundo Aureliano Alves, “o artigo permitirá informar a comunidade geral de químicos, biólogos e médicos cientistas sobre o estado atual da investigação nestas áreas do conhecimento e, especialmente, para apontar possíveis novos desenvolvimentos no futuro”, lê-se no comunicado da Universidade do Algarve.
Link: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1002/anie.201803868